quinta-feira, 23 de julho de 2009

O feminismo de Camille Paglia

Hoje eu conversava com uma amiga que amanhã irá reencontrar, num jantar feito para este propósito, colegas antigos, da época da adolescência, do colégio. Ela é culta, já viajou para alguns lugares do mundo, é de boa família mas ainda não encontrou o par perfeito nem o emprego esperado. Seu maior temor é que, amanhã, ao reencontrar as velhas companheiras de escola, encontre ao invés de amigas de infância um bando de palpiteiras casadas, mães de família e bem-sucedidas que irão fazer pouco de sua condição atual.
Interessante a forma como nós, mulheres, nos comportamos diante de situações sociais como esta que a minha amiga enfrentará amanhã. Muitas de nós, apesar de ostentar diversos atributos que até causam inveja em outras mulheres, nos reduzimos a uma condição pré-contemporânea de fragilidade feminina. Parece que tudo o que conquistamos, enquanto mulheres, todo o reconhecimento no mercado de trabalho e afirmação de nossos valores intelectuais empalidecem. Camile Paglia, feminista norte-americana muito polêmica, fala muito sobre esse tema. Amanhã escrevo mais sobre isso. Agora, pausa para um suquinho...

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PALADAR DE INVERNO
Minha busca é pelo cappuccino perfeito, mas entre uma taça e outra, tenho experimentado muitos sucos de frutas caseiros, feitos pela minha mãe. O de gengibre com canela e laranja é gostoso e nutritivo, além de anti-viral. Áí vai a dica para este inverno, para uma pessoa:

1 maçã
1 laranja
1 talo de beterraba
1 pedacinho de gengibre
gotas de limão
canela à gosto

Bata tudo no liquidificador e beba!

domingo, 19 de julho de 2009

A busca pelo Cappuccinno perfeito!

Porto Alegre está cada dia mais aconchegante. O friozinho que o inverno traz, os diferentes sabores dos cafés... isso me anela à momentos de felicidade ímpar. E sou doooooida por cafés. Nesse frio, então, o cappuccino é minha bebida preferida. Tracei uma meta de, aleatoriamente, beber um cappuccino sempre em um lugar diferente, para eleger o "top" da minha listinha pessoal. Todo o final de semana eu vou postar sobre os cafés que bebi! Nesta semana bebi três cappuccinos, em três lugares diferentes: na quarta-feira no Porto Café, no Shopping Rua da Praia. Ô, café bem gostoso... bem batido, com um tempero especial que o pessoal de lá não revela qual é mas que, juro de pé junto, é de gengibre. Maravilha! Na quinta-feira, bebi um cappuccino na confeitaria Matheus, aquela tradicional ali da Borges de Medeiros. Bah, pessoal, o destaque desse café é a cremosidade da bebida e do chantilly. No ponto, cremosinho. Nesse domingo, bebi o do Café dos Cataventos, ali da Casa de Cultura Mario Quintana, que merece elogio pelo creme. No ano passado, lembro que o creme dos cafés dali era pouco espesso, bem ralinho, quase como um clara em neves mal batida e "jogada" na xícara. Dessa vez, fui surpreendida por um ótimo creme e por um café de primeiríssima qualidade!

E nesse domingo fui ao MARGS ver a exposição "Realismo". Picasso, Renoir, Van Gogh e outros tantos desembarcaram nos pampas, pessoal... Tinha fila na Praça da Alfândega, na qual permanecemos, André e eu por uns 30mins. Permanecemos no Museu por umas 2 horas. O ingresso solídário (um quilo de alimento ou um agasalho) não é obrigatório (uma pena, isso). Depois, tomamos um café ca CCMQ... para completar o domingo maravilhoso, vimos o pôr-do-sol lá do Gasômetro. Pena que o terraço estava fechado.

PS: Sônia: Adoro essa cidade! Beijos e uma ótima semana!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Extremidades



Faz MUITO frio em Porto Alegre. Nosso alento é que uma cidade Russa, na Sibéria, convive com médias de temperatura de -50Cº no inverno! A cidade mais fria do mundo chama-se Yakutsk, e no verão, seus termômetros chegam a marcar 35Cº... que extremo, não?

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Passei ontem pela Praça da Alfândega e vi uma fila generosa formada em frente do MARGS (Museu de Arte do RS). Ao mesmo tempo em que se observa aquele suntuoso templo de cultura que é o MARGS, muita gente circula pela Praça mendigando, com frio, na marginalidade cultural e material. Extremo, não?...

Com a doação de 1kg de alimento não perecível ou de um agasalho, pode-se entrar e conferir a exposição "Arte na França: 1860-1960/ O Realismo". Pena que eu estava a trabalho... estou ávida por esta exposição, sobretudo pelos quadros de Van Gogh. A exposição fica até o dia 30 de agosto no MARGS e pode ser visitada de terça a domingo, das 10h e 18h. Acessa o site do Museu: http://www.margs.rs.gov.br/.

domingo, 12 de julho de 2009

O desejo de status na sociedade pós-moderna

Neste domingo, aproveitando o calor singelo do sol vespertino, caminhei com André à orla do Guaíba sem carregar nem bolsa, nem celular. Amo meu trabalho, ele me traz uma alegria imensa mas, confesso, não trocaria aquela hora em que curti o pensar em quase nada numa tarde de domingo, ao lado de quem é tão especial para mim. Não preciso de muito para ser feliz. E você, precisa de quê? De um carro novo? Talvez um emprego em que ganhe mais? Precisa de novos relacionamentos? Aquela bolsa de grife da vitrine da loja do shopping não sai da sua cabeça? É um celular novo que você quer?
Se os momentos "gratuítos", aqueles em que estamos em família, na companhia dos amigos, do cachorro, do gato ou do papagaio são os mais recompesadores, por que nos deixamos levar pela ânsia de poder? Alain de Botton, renomado filósofo suíço contemporâneo tenta responder em seu "Desejo de Status" (Rocco, 2005) estas e outras perguntas. Ele tenta definir a(s) causa(s) da ansiedade pelo pelo status que cada um de nós, em menor ou maior grau, possui. Vale a pena conferir o livro, mesmo para aqueles que não tem muita intimidade com filosofia. Didático, Botton é muito pertinente ao trabalhar a questão do poder sob a ótica escolhida. Ótima semana para vocês!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Fome de poder

Que as leis são moldadas de acordo com as necessidades do poder (econômico) não é novidade para ninguém. Para que o poder seja aceito e surta seus efeitos, precisa ser revestido de legitimidade, de uma aparência cândida de plausibilidade. É como se fôssemos figurantes num filme que conta a nossa própria história. Acabamos como que anestesiados pela pinta de homens de terno que, embrulhados em suas gravatas de pura seda, evocam discursos (proselitistas) eloqüentes que são tão verdadeiros quanto é tangível o conteúdo de um balão de festa infantil.
Os detentores do poder político ostentam tentáculos enormes, que alcançam a economia e a mídia. Famintos, eles. Em nossa tupiniquim-land, ser pobre é sinônimo de vergonha. O grande preconceito do brasileiro é contra a pobreza. Nada purga esta mácula social... a não ser o dinheiro, claro. E a nossa justiça tem endossado isso, infelizmente. O "senso comum" já não mais espirra com a poeira da sujeira que é jogada embaixo do tapete. Estamos blindados por anticorpos sociais. Ensaiamos o exercício de nossa força através das urnas, mas nunca chegamos a estreiar, efetivamente, o espetáculo da democracia. Foucault já dizia que “Somos obrigados pelo poder a produzir verdade”. Famintos, nós.
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Ah! Van Gogh no MARGS... eu vou!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A vida em jogo

A vida em jogo- I
Não é de hoje que saúdo que transdisciplinaridade. Este espírito tomou fôlego, em mim, ainda na época da graduação (2000-2005). Os grupos de estudos, as leituras complementares, enfim... a ânsia pelo conhecimento me levou a circular por seus bastidores. Meus dilemas intelectuais do tipo "como o Direito pode ser menos dogmático e pragmático?" ou simplesmente "como se faz ciência jurídica?" foram sendo amenizados pelos discursos de Foucault, Marx, Sartre, Camus, Habermas, Heidegger e outros tantos filósofos e sociólogos clássicos e contemporâneos. O Direito sisudo dos precursores juristas nunca mais será o mesmo depois do mix de abordagens científicas que algumas mentes brilhantes vêm enxertando nos discursos jurídicos.
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A vida em jogo- II
A sociedade urge (por tanta coisa...) por uma nova hermenêutica jurídica que pavimente o caminho da justiça social. Ao mesmo tempo em que contamos com tecnologias tão avançadas, que nos permitem acompanhar as notícias do mundo todo em tempo real, que nos conecta através de saites de relacionamento, vivemos num primitivismo tosco em termos de reconhecimento e viabilidade dos direitos humanos, de dignidade da pessoa humana. O cotidiano das ruas e o forense ilustram as minhas palavras. Isto me lembra o Panótipo de Foucault.
Pra Foucault, nas sociedades disciplinares o modelo Panóptico é dominante. Isso significa vigiar e observar em tempo real. Hoje em dia, somos vigiados o tempo todo, ora porque fazemos questão disto, ora sem nem saber que estamos sendo vigiados. Acessamos o Google Earth e nem nos surpreendemos mais com aquilo. Estamos soterrados por informação e queremos mais. Estamos embriagados pela instantaneidade da comunicação e acabamos construindo relações efêmeras. Nas sociedades de controle (termo usado por Foucault e desenvolvido, posteriormente, por Deleuze e depois por Negri), já dizia Foucault, essa vigilância torna-se rarefeita e virtual. As sociedades de controle apontam para uma espécie de anti-arquitetura. O poder não está mais atrelado a uma forma jurídica, institucional, e percorre o campo social livremente. Claro que a Disciplina ainda permanece no campo social, mas muda a forma de atuação das instituições. Não se vigia, há controle. Um adolescente de classe-média é capturado pelos dispositivos psicológicos normalizantes. Quem tem dinheiro é respeitado. Um casal se aliena. É a vida que está em jogo, e você nem percebeu isso.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Um intelectual em cima do muro

Entre uma leitura e outra (leio vários livros "ao mesmo tempo"), deparei-me na escrivaninha com um livro que comprei há alguns meses mas que ainda não tinha lido. "O marxismo de Marx" é o título, Raymon Aron é o autor. O filósofo e sociólogo se afirma como intelectual numa posição nada confortável... em cima do muro.

Encantada pela obra de Sartre desde a adolescência e perseguindo seu horizonte intelectual, busco em Aron o contraponto, a dialética, o arcabouço de ideais que irão reafirmar, ainda mais, minha paixão pelo existencialismo marxista. Folheando Aron, percebo e repercebo o quanto o liberalismo e o humanismo desse intelectual constitui-se numa (pobre) releitura dos conhecidos grilhões lockeanos. Como um pensador político de argumentos desconectados com a realidade social de seu tempo, comprometido e fiel aos velhos dogmas conservadores, submerso pela mediocridade do "meio-termo" é como ele apresenta-se a mim. Aron tenta situar o liberalismo como a tábua de salvação política que destoa tanto do fascismo quanto da anarquia na medida e intensidade necessárias a mediar dicotomias.
Sigo condenada à liberdade de ser o que eu fizer de mim mesma, seguindo um itinerário bem distante dos muros.