quarta-feira, 8 de julho de 2009

A vida em jogo

A vida em jogo- I
Não é de hoje que saúdo que transdisciplinaridade. Este espírito tomou fôlego, em mim, ainda na época da graduação (2000-2005). Os grupos de estudos, as leituras complementares, enfim... a ânsia pelo conhecimento me levou a circular por seus bastidores. Meus dilemas intelectuais do tipo "como o Direito pode ser menos dogmático e pragmático?" ou simplesmente "como se faz ciência jurídica?" foram sendo amenizados pelos discursos de Foucault, Marx, Sartre, Camus, Habermas, Heidegger e outros tantos filósofos e sociólogos clássicos e contemporâneos. O Direito sisudo dos precursores juristas nunca mais será o mesmo depois do mix de abordagens científicas que algumas mentes brilhantes vêm enxertando nos discursos jurídicos.
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A vida em jogo- II
A sociedade urge (por tanta coisa...) por uma nova hermenêutica jurídica que pavimente o caminho da justiça social. Ao mesmo tempo em que contamos com tecnologias tão avançadas, que nos permitem acompanhar as notícias do mundo todo em tempo real, que nos conecta através de saites de relacionamento, vivemos num primitivismo tosco em termos de reconhecimento e viabilidade dos direitos humanos, de dignidade da pessoa humana. O cotidiano das ruas e o forense ilustram as minhas palavras. Isto me lembra o Panótipo de Foucault.
Pra Foucault, nas sociedades disciplinares o modelo Panóptico é dominante. Isso significa vigiar e observar em tempo real. Hoje em dia, somos vigiados o tempo todo, ora porque fazemos questão disto, ora sem nem saber que estamos sendo vigiados. Acessamos o Google Earth e nem nos surpreendemos mais com aquilo. Estamos soterrados por informação e queremos mais. Estamos embriagados pela instantaneidade da comunicação e acabamos construindo relações efêmeras. Nas sociedades de controle (termo usado por Foucault e desenvolvido, posteriormente, por Deleuze e depois por Negri), já dizia Foucault, essa vigilância torna-se rarefeita e virtual. As sociedades de controle apontam para uma espécie de anti-arquitetura. O poder não está mais atrelado a uma forma jurídica, institucional, e percorre o campo social livremente. Claro que a Disciplina ainda permanece no campo social, mas muda a forma de atuação das instituições. Não se vigia, há controle. Um adolescente de classe-média é capturado pelos dispositivos psicológicos normalizantes. Quem tem dinheiro é respeitado. Um casal se aliena. É a vida que está em jogo, e você nem percebeu isso.

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