terça-feira, 7 de julho de 2009

Um intelectual em cima do muro

Entre uma leitura e outra (leio vários livros "ao mesmo tempo"), deparei-me na escrivaninha com um livro que comprei há alguns meses mas que ainda não tinha lido. "O marxismo de Marx" é o título, Raymon Aron é o autor. O filósofo e sociólogo se afirma como intelectual numa posição nada confortável... em cima do muro.

Encantada pela obra de Sartre desde a adolescência e perseguindo seu horizonte intelectual, busco em Aron o contraponto, a dialética, o arcabouço de ideais que irão reafirmar, ainda mais, minha paixão pelo existencialismo marxista. Folheando Aron, percebo e repercebo o quanto o liberalismo e o humanismo desse intelectual constitui-se numa (pobre) releitura dos conhecidos grilhões lockeanos. Como um pensador político de argumentos desconectados com a realidade social de seu tempo, comprometido e fiel aos velhos dogmas conservadores, submerso pela mediocridade do "meio-termo" é como ele apresenta-se a mim. Aron tenta situar o liberalismo como a tábua de salvação política que destoa tanto do fascismo quanto da anarquia na medida e intensidade necessárias a mediar dicotomias.
Sigo condenada à liberdade de ser o que eu fizer de mim mesma, seguindo um itinerário bem distante dos muros.

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